Categoria: Tempo Quaresma

PASSAR à conversão de coração: SÁBADO SANTO

O silêncio em Paula

Com os olhos fitos num lindo crucifixo branco, parecia absorta, como se não desse por nada do que acontecia à sua volta. O silêncio rodeava-a. Desde o primeiro ataque de paralisia, Paula tinha-se tornado hipersensível…tinha o rosto contraído e muito pálido, sulcado por uma lágrima involuntária. O dedo atingido de gangrena provocava-lhe espasmos atrozes… Sem notar que a Irmã Maria estava no quarto, rezava movendo os lábios: «Senhor, ajudai-me vós a levar esta cruz que, no entanto, nem cravos tem. Vós, sim, que soubeste sofrer; eu não sou capaz.» (cfr Paula…Loucuras por Cristo, p. 70)

Para reflectir:

Deus está calado

Jesus morreu. Deus está calado. Hoje não há Palavra, há o silêncio que fala, que dói, que atordoa, que obriga a esperar o que se passa para além do silêncio.
Maria, a Mãe de Jesus, espera no silêncio e em silêncio

Invisíveis mas existimos

As nossas ruas estão desertas, como se a vida, as nossas vidas deixassem de existir; mas não, elas estão aí. Invisíveis, é verdade, mas existimos.
Assumir a invisibilidade que não é sinónimo de morte. Estar em casa, cuidarmo-nos em casa, é cuidar da vida de tantos, “ é uma cruz que nem cravos tem”.
Silenciar, ouvir o que se passa para além do silêncio, esperar do silêncio a vida que nos surpreende é o desafio deste dia.

Desafio

Vou dar espaço, hoje, no meu dia para me deixar surpreender com a “palavra” do silêncio.

  • Que me diz? Que medos me revela? Que palavra me dirige?

Escuto…escuto…Hoje é o dia de escutar, com Esperança, o Silêncio que anuncia VIDA.

PASSAR à conversão de coração: 6ª FEIRA SANTA

Como Paula acompanhar Jesus na cruz

«Estamos na Semana Santa, e por isso desejo e peço que, nestes dias, possa fazer boa companhia a Jesus, na sua Paixão, e a Nossa Senhora das Dores, para que no dia da Santa Páscoa possa ressuscitar com nova alegria e continuar a trabalhar, com novo alento, na vinha do Senhor.» Paula Frassinetti  (C 246,4).

6ª Feira Santa

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota, onde o crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos redigiu um letreiro e mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.» Este letreiro foi lido por muitos judeus, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade e o letreiro estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Então, os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: «Não escrevas ‘Rei dos Judeus’, mas sim: ‘Este homem afirmou: Eu sou Rei dos Judeus.’» Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi.» Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo, não tinha costuras. Então, os soldados disseram uns aos outros: «Não a rasguemos; tiremo-la à sorte, para ver a quem tocará.» Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Repartiram entre eles as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. E foi isto o que fizeram os soldados. Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!» Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua. Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!» Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. (Jo 19, 17-30)

Para refletir:

A solidão

Hoje contemplamos Jesus na cruz:

«Junto à cruz de Jesus estavam de pé, sua mãe, e a irmã da sua mãe, Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena…» 

  • Junto à cruz de Jesus estavam algumas mulheres…, mas quase todos os discípulos estão longe… Jesus não tem perto de si aqueles que foram os seus companheiros dos últimos anos.

Muitos são os que hoje estão longe dos que amam e vivem com medo e ansiedade este tempo…  Muitos são os que morrem numa solidão terrível… sem o afeto e sem a consolação de uma presença espiritual.

  • Tenho-os presentes na minha oração?
  • Como é que na hora atual posso ser “presença” junto às cruzes de tantos que sofrem?

Desafio

  •  Hoje vou ser presença! Vou procurar ser “presença” junto de alguém que está só através de uma mensagem, carta, telefonema, oração, etc…

PASSAR à conversão de coração: 5ª FEIRA SANTA

Gestos que falam de amor em Santa Paula:

«Foram obrigadas a acolher umas quarenta mulheres, condenadas por terem matado o pai ou a mãe, ou por terem praticado outros crimes semelhantes.
As condenadas esquadrinhando ferozmente a Madre Fundadora e as outras Irmãs, gritavam: “havemos de arrancar-lhes a alma”.
A Madre Fundadora ordenou, então, às Irmãs que preparassem, quanto antes, pão, vinho, salame, presunto, etc.; e, quando tudo estava pronto, com a sua costumada amabilidade convidou as hóspedes a refazerem as forças. Aquelas pobres mulheres começaram a olhar à volta, maravilhadas, e, deixando de maldizer, puseram-se a comer tranquilamente. E bem cedo lhes ganhou o coração.» (Memórias, pág. 99)

5ª Feira Santa

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também». ( Jo 13, 1-15)

Para refletir:

Hoje, é o Dia do Amor!

  • “Fazei isto em memória de Mim!”
    Jesus, hoje, lava os pés aos seus discípulos e partilha com eles tudo o que tem e é… Não se reserva, dá-se todo…  Jesus deixa-nos um legado ser pão repartido para todos…  Ser vida repartida, partilhada, compartilhada com todos…  Ser Dom, Dom de Deus, somos Juventude Doroteia, somos Família Doroteia!

Hoje, deixo-me desafiar pelo Amor!!!

  • E, diante da realidade (em) que vivo, como sou presença/testemunho/dom/pão para os meus familiares, amigos, vizinhos, conterrâneos… deste Jesus que digo amar…?
  • Que me diz Jesus? Que me pede, hoje, para dar e para me dar?

Hoje, nesta 5ª Feira Santa, sou então DOM – presença amorosa – DE DEUS

Gestos viralizadores de e do Amor!!!

PASSAR à conversão de coração: DOMINGO DE RAMOS

Símbolo de Santa Paula:

Girassol: Junho de 1882. Paula adoeceu gravemente. Aproximava-se a sua hora. Apesar de todos os esforços dos médicos a doença progrediu e, no dia 11 desse mês, Paula morreu na grande paz de que goza um coração que sempre fez o bem.

Depois da sua morte, muitas pessoas recordavam todo o bem que ela fez. S. João Bosco, que conhecia muito bem Paula, disse a seu respeito: “É um verdadeiro girassol!

Assim como o girassol se volta sempre para a luz do sol, assim Paula orientou sempre a sua vida para a Vontade de Deus.

Domingo de Ramos

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?» Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de um certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo; é em tua casa que quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos.’» Os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa. Ao cair da tarde, sentou-se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, disse: «Em verdade vos digo: Um de vós me há-de entregar.» Profundamente entristecidos, começaram a perguntar-lhe, cada um por sua vez: «Porventura serei eu, Senhor?» Ele respondeu: «O que mete comigo a mão no prato, esse me entregará. O Filho do Homem segue o seu caminho, como está escrito acerca dele; mas ai daquele por quem o Filho do Homem vai ser entregue. Seria melhor para esse homem não ter nascido!» Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: «Porventura serei eu, Mestre?» «Tu o disseste» – respondeu Jesus. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: «Tomai, comei: Isto é o meu corpo.» Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: «Bebei dele todos. Porque este é o meu sangue, sangue da Aliança, que vai ser derramado por muitos, para perdão dos pecados. Eu vos digo: Não beberei mais deste produto da videira, até ao dia em que beber o vinho novo convosco no Reino de meu Pai.» Depois de cantarem os salmos, saíram para o Monte das Oliveiras. Jesus disse-lhes, então: «Nesta mesma noite, todos ficareis perturbados por minha causa, porque está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho serão dispersas. Mas, depois da minha ressurreição, hei-de preceder-vos na Galileia.» Tomando a palavra, Pedro respondeu-lhe: «Ainda que todos fiquem perturbados por tua causa, eu nunca me perturbarei!» Jesus retorquiu-lhe: «Em verdade te digo: Esta mesma noite, antes de o galo cantar, vais negar-me três vezes.» Pedro disse-lhe: «Mesmo que tenha de morrer contigo, não te negarei!» E todos os discípulos afirmaram o mesmo. (Mt 26, 14 – 27, 66)

Para refletir:

É a Festa do Domingo de Ramos.

Jesus, que viveu sempre voltado para o Pai, veio ao mundo para fazer a Sua Vontade e levou até ao extremo as consequências da sua identidade e missão, do Seu Amor pelo Pai e pela Humanidade.
Aquele que passou fazendo o bem aproxima-se, agora, de Jerusalém, aproxima-se da Sua Hora, de partir deste mundo para o Pai.
Aquele que sempre andou a pé ou de barco entra, agora, montado num jumentinho e deixa-se aclamar por Rei.
Defende e assume claramente a Sua identidade e missão.
Ele é o Salvador esperado, o Messias, o libertador, o “Filho de David”.

Entrando no Evangelho deste dia,
“somos todos levados a percorrer e a reviver as últimas e decisivas vinte e quatro horas de Jesus, desde as 15h00 de Quinta-Feira Santa até perto das 18h00 de Sexta-Feira Santa:

  • 15h00 = Preparação da Ceia
  • 18h00 = Ceia Primeira!
  • 21h00 = Getsémani
  • 24h00 = Prisão de Jesus
  • 03h00 = Pedro nega e o galo canta
  • 06h00 = Jesus diante de Pilatos
  • 09h00 = Crucifixão de Jesus
  • 12h00 = as trevas em vez da Luz!
  • 15h00 = Morte de Jesus
  • 18h00 = Sepultamento de Jesus”1

Aproxima-se a hora em que o que tínhamos por certo e seguro se desmorona.

Vivemos o tempo da impotência humana, a grande oportunidade para que Deus possa fazer milagres na nossa história.

Precisamos de passar por dentro deste tempo de incerteza que nos dá medo para aprendermos a entregar-nos a Deus, conscientes das nossas debilidades, e certos de que uma hora nova está já preparada para nascer.

O homem acreditava que podia ser Senhor da vida e da morte, podia determinar quem pode nascer e quando vai morrer. Estamos a confrontar-nos com a nossa verdade: Deus dá-nos a possibilidade de dominar a terra mas não somos senhores de nada. Está a nascer um novo céu, uma nova terra, uma nova humanidade. Um céu mais claro, uma terra mais limpa, uma humanidade mais solidária. E já vemos os sinais.

Aproxima-se a hora…

  • Que estou a fazer para acolher esta hora?
  • Que me sinto a perder?
  • Que me sinto a ganhar?
  • A que me agarro para alimentar a esperança?
  • Para Onde é que esta Hora me está a voltar?

…como o girassol, voltada para o sol, para Deus.

Frase da Semana:

“A tribulação cerca-nos de toda a parte…porém, não desanimo, porque sei que o grão, para dar fruto, primeiro tem que apodrecer debaixo da terra.” Paula Frassinetti

in Mesa da Palavras