Autoria: Camila (6 anos), João (5 anos), Bruno (6 anos) e Kathy
Centro Educativo/Instituição: Obra Social Paulo VI
Contacto: katherine.silva@obrasocialpaulovi.pt

Três nomes, três escolas

João, o futurista

O nome da minha escola era Escola João, como eu. Era uma escola diferente. Não tinha números de sala, mas tinha fotografias para saberem de quem é que são as salas. Havia câmaras de vigilânca para ver se alguém tirava coisas valiosas. Tinha uma parte que era um museu com artes, estátuas e outras coisas. Tinha um jardim que era um labirinto e se fosse Natal havia lá coisas de Natal. A comida para comer também era diferente. Os meninos escolhiam o que queriam, mas havia uma espécie de máquina que fazia a comida e aparecia uma mão robótica com o prato de comida. Havia um portão que fazia a minha escola virar. Era assim que fazia eletricidade.  Tinha professoras e professores. Nós cá temos poucos homens. Eu gostava de ter um professor de viagens que é um professor que faz viagens com os alunos e se houver coisas que não sabemos ele explica e vamos aos sítios. Nas sanitas da casa de banho havia uns botões que faziam puxar o autoclismo e tinha umas mãos que tiravam o papel higiénico e limpavam. Eram umas mãos robóticas.

Camila, a sonhadora:

A minha escola chama-se Escola de Sonhos. Podia vestir-se as roupas de casa e não havia batas. Cada sala tinha um nome próprio, tipo sala dos pássaros. Tinha três jardins: um tinha um chão igual a um xadrez, havia árvores e um labirinto. Existia um grande ateliê que tinha quadros e caixas para guardar as pinturas mais valiosas. Os meninos faziam projetos e exploravam coisas nos jardins. A comida era tudo o que nós queríamos. Havia muitas caixas cheias de comida e os meninos punham no seu prato. Não havia sopa mas havia uma grande sobremesa: um gelado enorme para cada um! Não mudava os professores mas queria ter um professor de ciências, ciências plásticas e uma professora de ar livre. Havia muitas casas de banho e eram separadas. A das meninas tinha coisas lindas e a dos meninos coisas de Floresta. Os meninos é que punham essas decorações. Os bebés também tinham a sua casa de banho própria.

Bruno, o idealista:

A minha escola tinha um jardim gigante! Tinha uma horta, duas mesas de matraquilhos, tinha uma garagem e muita luz. Dava para jogar ténis, ping pong e podia-se levar brinquedos de casa. Podíamos chegar cedo ou tarde. Havia três refeitórios, um para os meninos grandes, outro para os meninos médios e outro para os pequeninos. Dentro das salas havia escrita e matemática, um espacinho só para fazer experiências, construções, um ateliê, uma mesa com jogos e em vez de faz-de-conta tínhamos um espacinho a fingir que é lá fora, com árvores de brincar. Em vez da biblioteca tínhamos um sítio…uma mesa alta preta com uma escada para fazer espetáculos de marionetas ou concertos de rock and roll. Cada sala tinha a sua própria sala de interioridade onde podíamos fazer coisas de Jesus. Os pais podiam entrar sempre que quisessem para ver se os meninos estão a gostar. Podiam ficar 10 minutos…ou ficar o tempo que quisessem. Na minha escola podia-se trazer o que se quisesse nos dias de festa: bolos, pinhatas e muita comidinha.

A escola do João
A escola do João
A escola da Camila
A escola da Camila
A escola do Bruno
A escola do Bruno

(1) Nomes fictícios escolhidos pelas próprias crianças

(2) Após um Focus Group, procedeu-se à transcrição da gravação da conversa tida com as crianças, tendo resultado um manancial de informações que aos nossos olhos são de grande preciosidade. Ao invés de fazer uma análise conjunta, optou-se por selecionar e separar aquilo que cada criança disse, pois apesar de algumas convergências e de algumas ideias terem surgido no decorrer da conversa, parece-nos que cada visão e narrativa são únicas. 

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