Autoria: Mary Katherine Ribeiro Martins e Silva 
Centro Educativo/Instituição: Obra Social Paulo VI
Contacto: katherine.silva@obrasocialpaulovi.pt

Reggio Emilia – uma viagem transformadora

No passado mês de março, durante uma semana, participei num grupo de estudos em Reggio Emilia, organizado pela Associação Portuguesa de Educadores de Infância. 

Já conheço a abordagem há muitos anos, desde que comecei a trabalhar na Obra Social Paulo VI, assumindo-se a mesma como uma grande inspiração para a minha prática, quer como responsável pelo atelier (durante os  meus sete anos iniciais e nestes últimos dois anos), quer nos vários grupos que fui tutelando ao longo dos anos, assim como no papel de Diretora Pedagógica do Centro, na procura constante de desenhar um caminho comum.

Não havendo espaço para vos falar sobre esta viagem com grande detalhe, começo por referir que apesar de já ter lido e investigado muito sobre esta abordagem, sobre a sua história e sobre os seus princípios, esta experiência foi absolutamente transformadora para mim. Ver, estar, ouvir falar quem sabe, quem vive e quem educa em Reggio Emilia, visitar as escolas, perceber na prática como tudo funciona e se organiza, clarificou e iluminou algumas das ideias que eu já tinha, assim como me trouxe um conhecimento mais aprofundado sobre a abordagem que eu ainda não tinha. Nem tenho ainda, na verdade, pois esta é ainda uma viagem inacabada.

Não vos vou aqui falar da história, nem explicar a abordagem, pois neste formato não é possível, mas vou elencar quatro aspetos que para mim foram muito significativos (haveria outros), e que trago como renovada inspiração. 

Grande sintonia pedagógica entre todos: É quase como uma linha invisível, algo que não é palpável, mas que se sente e se bebe nas palavras, nas imagens e nos espaços que foram visitados. 

Ao ouvir as experiências e projetos que foram sendo narrados ao longo da semana, senti uma grande conexão entre eles. Os princípios da abordagem estão sempre subjacentes naquilo que é feito, tudo está muito bem alinhado, os valores são comuns. As pessoas, os professores de todas as escolas de infância da cidade, parecem falar a mesma língua e tudo faz muito sentido. Essa sintonia entre os princípios e a ação, e sobretudo entre todos os intervenientes no processo educativo (município, pedagogos, escolas, professores, comunidade) encantou-me. As crianças estão na cidade! Fiquei verdadeiramente encantada e ainda estou em processo de digestão de tudo aquilo que ouvi e que vi. 

Valor que é dado à beleza e à estética: Já o sabia, claro, mas nada substitui o estar lá e ver com os próprios olhos. Tive oportunidade de ver isso não só nas comunicações (que denotam uma forma de olhar a infância que já de si é bela e poética), mas igualmente nos espaços. Espaços belos, organizados como um permanente convite às mãos e mentes curiosas das crianças, sempre em relação com o exterior, com o lá fora, tornando evidente uma relação, que se quer íntima, com a natureza. 

O papel da Documentação Pedagógica: Observar a documentação in loco, foi igualmente bastante significativo. Para além da forma cuidada e bela como é feita, sente-se verdadeiramente a presença das crianças e do seu pensamento naquilo que é desenvolvido, constituindo-se a mesma não só como memória do que é feito, mas igualmente como ponto de partida para o relançamento das atividades. 

Por fim, o papel do educador, como observador e intérprete atento da ação e do pensamento das crianças, alguém que verdadeiramente acolhe os seus pontos de vista (expressão muito usada durante todo o curso), que os sustenta e lhes dá continuidade. Um educador-investigador, que se coloca ao lado das crianças, também ele um aprendiz. 

Termino assim, sem dizer muito, mas com uma certeza. Já a tinha, e esta experiência veio confirmá-la. Nada se faz individualmente. Se é para andar, melhorar, inovar, mudar, crescer como escola é preciso fazê-lo juntos e construir uma consciência e um sentido comum. 

Espero um dia poder voltar. 

Na escola Robinson Crusoe.

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