Chamei-vos Amigos…permanecei em Mim – II

O que ficou do último encontro

Jesus continua a chamar. O seu chamamento é permanente, faz-se nas coisas pequenas, na nossa realidade concreta. Ficou muito forte a necessidade da escuta de aceitar o convite, a certeza de que o projeto é de um amor maior, não é meu. O chamamento pede esforço, mas alarga muito o horizonte.

Ficou-nos também a certeza de que Ele está sempre, mesmo que não O vejamos, o nosso nome está sempre a ser pronunciado, no nosso dia a dia, para ser escutado e me colocar em movimento. Hoje vamos aproximar-nos de Jesus na Sua relação com o Pai e necessidade de O escutar.

Jesus tem necessidade de rezar

Leitura

De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração. Simão e os que estavam com Ele seguiram-no. E, tendo-o encontrado, disseram-lhe: «Todos te procuram.»  Mas Ele respondeu-lhes: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de pregar aí, pois foi para isso que Eu vim.» E foi por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demónios.
(Mc 1, 35-39)

Graça a pedir

Pedir o Dom do discernimento para saber escolher o essencial na vida.

1º ponto – Jesus tem necessidade de rezar

De madrugada e ainda escuro, Jesus levanta-Se e vai rezar para um lugar solitário. Rezar, para Jesus, é encontrar-se com o Pai e conhecer a missão que o Pai Lhe confia.  O dia de Jesus começa e ganha força com esta Sua relação com o Pai. É ela que O orienta.

Os discípulos pressionados pelas solicitações da multidão vão à Sua procura para O trazer de volta para Cafarnaum e encontram-n’O em oração. Vão agitados e empolgados com a urgência que a multidão manifesta e encontram um Jesus sereno, apaziguado e a saber o que tem que fazer.

Manifesta uma firmeza, convicção e estabilidade interior que nenhuma multidão O prende. Vive uma relação com o Pai que Lhe dá toda a liberdade. Desapegado daquilo que os outros querem, e das expetativas que colocam sobre Ele, é dinamizado pela paixão e urgência do Reino que desconcerta os discípulos. Vamos a outros lugares para que também ali anuncie… E anunciar é proclamar a mensagem que ouviu do Pai. Aquele “também” faz-nos sentir que toda a jornada de Cafarnaum – ensinar, libertar, acolher, curar – foi um anúncio do Evangelho e agora é preciso ir fazer o mesmo noutros lugares. O Seu horizonte é a Vontade do Pai e não há anúncio sem escuta.

2º ponto – A força que mantinha Paula de pé

A carta 44, dirigida a seu pai, é reveladora do segredo de Paula, vamos ouvir essa carta.

Meu querido Pai, agradeça a Deus, à Santíssima Virgem e a S. Paulo, por mim e pelas minhas companheiras, pois verdadeiramente vimos grandes milagres: passámos pela água e pelo fogo, como se costuma dizer, e ficámos ilesas. Uma bala de canhão levou a cadeira em que estava sentado o nosso empregado, que se encontrava num quarto do rés-do-chão, e nada sofreu. O combate era tão perto de nós, que as balas das espingardas caíam no nosso jardim; durante um mês inteiro comemos e dormimos ao som dos canhões e das bombas, a tal ponto que os ouvidos se habituaram. Porém, os dias mais terríveis para nós foram domingo e segunda-feira passados1: as tropas deviam apoderar-se da nossa casa e depois incendiá-la; mas, repito, por particular graça de Maria Santíssima e dos Santos, nossos advogados, escapámos de todo o perigo e estamos sãs e salvas, gozando de perfeita saúde… Esteja, portanto, tranquilo e ajude-nos a agradecer a Deus e a Nossa Senhora as graças que nos concederam.

3º ponto – A oração na minha vida

“Com a oração tudo se obtém e tudo se vence”, afirmava Paula a partir da sua relação com Deus e com a vida. As dificuldades faziam-na tomar consciência da sua pequenez e erguer a cabeça para se confiar Àquele que tudo pode.
Nós temos isto como desejo, mas a multidão de solicitações tiram-nos objetividade e corremos o risco de nos deixarmos engolir por elas. Muitas urgências que vêm ter connosco ou que nós próprios definimos, muitas vezes para corresponder às expetativas que os outros têm sobre nós. Jesus foi capaz de dizer não às multidões porque escutou o Pai, porque se soube retirar e fazer silêncio. Fez escolhas discernidas assegurando a sua relação com o Pai. Doseava oração e ação. Jesus precisava de rezar para ver melhor.

  • Acho que a oração é importante na minha vida?
  • Acredito que com ela tudo se obtém e se vence?
  • Estou disposto/a a reorganizar o meu dia para introduzir a oração diária com o tempo possível?

Terminar rezando o Pai – Nosso

Bênção Final

Abençoe-nos o Pai com a Sua Omnipotência,
Abençoe-nos o Filho com a Sua Sabedoria,
Abençoe-nos o Espírito Santo com a Caridade. (Santa Paula Frassinetti)

1 Nessa terrível noite, de 1 para 2 de Julho, Paula esteve vigilante, na varanda do seu gabinete, guardando para si o segredo que lhe confiara o Comandante dos garibaldinos.