A COMPAIXÃO QUE DEVOLVE RAZÕES DE EXISTIR

“Chamei-vos Amigos… porque tudo o que ouvi de Meu Pai vo-lo dei a conhecer” (II)

Leitura

Em seguida, dirigiu-se a uma cidade chamada Naim, indo com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva; e, a acompanhá-la, vinha muita gente da cidade. Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: «Não chores.» Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!» O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe.
O temor apoderou-se de todos, e davam glória a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo!»  E a fama deste milagre espalhou-se pela Judeia e por toda a região.
(Lc 7,11-17)

Graça a pedir

Pedir a graça de me deixar levantar por Jesus

1º ponto – Jesus entregou o filho a sua mãe

Ao entrar na cidade, com uma multidão que o segue cheia de entusiasmo, Jesus confronta-se com outra multidão que sai da cidade a chorar levando um jovem para sepultar.

Tantos cortejos de morte que nem pudemos ver, nem acompanhar durante esta pandemia… tantas situações de morte que transportamos sem lhe ver saída… e, no entanto, Jesus vem sempre em sentido contrário àquele que conduz à morte…

Vendo o choro da mãe, pela morte do filho, Jesus comoveu-se, teve compaixão dela. É ela que está no centro desta cena. Uma mãe, viúva, que levava o filho único a sepultar. Sem marido e sem filho esta mulher não tinha sentido de pertença, por ser mulher de ninguém; nem missão, porque ninguém lhe chamava mãe. Perdia-se aqui o seu sentido de viver, a possibilidade de cuidar e ser cuidada.

Nas lágrimas desta mulher Jesus viu a sua dor mais profunda, a dor da solidão, do abandono, do sem sentido, e não prende a compaixão que o habita. O choro diante da morte e solidão movem-no à vida.

Aproxima-se e toca o caixão, manda parar o cortejo de morte, fá-lo mudar de direção, no sentido da vida: “Jovem, eu te ordeno: Levanta-te”. O jovem levantou-se e Jesus entregou-o à mãe. Devolveu-lhe a razão de existir com a possibilidade de continuar a ser mãe. Restaurou a vida do filho e a vida da mãe.

2º ponto – A compaixão move Paula a Portugal

Depois de ter enviado as Irmãs para Portugal, Paula, manifesta a compaixão que a move. Sem olhar ao seu conforto, idade, saúde, põe-se a caminho em direção às suas irmãs. Com o cuidado de mãe, quer vir, estar com cada uma, confortar, estimular, encorajar.

Mas o encontro com a Irmã Pingiani não era o único objectivo da Fundadora, ao projetar uma viagem a Portugal: desejava conhecer pessoalmente a numerosa família que o Senhor lhe tinha dado naquele Reino, e afastar do espírito das suas Filhas portuguesas qualquer suspeita que nelas pudesse suscitar o demónio de não serem tão amadas como as Irmãs italianas, pelo facto de estas serem visitadas pela Madre Fundadora quase todos os anos, ao passo que as portuguesas nunca a tinham visto no meio delas.Eram estas as intenções da nossa Fundadora; mas, acima de todos os seus projetos, por mais santos que pudessem parecer-lhe, estava a vontade de Deus, e para se conformar com ela superaria todas as dificuldades e tudo sacrificaria, se temesse afastar-se o mínimo que fosse da divina vontade…Se Deus lhe mostrasse ser sua vontade que ela partisse, partiria imediatamente, sem ter em conta a sua natural repugnância pelas viagens, ou os perigos que teria de enfrentar, ou até o dano que talvez sofresse a sua saúde”
(Memórias p. 359).

3º ponto – Como vivo a experiencia deste amor compaixão

A multidão que segue Jesus, até à cidade, é uma multidão que duma maneira ou doutra experimentou a compaixão de Jesus. Esta multidão move-se pela esperança, pelo entusiasmo e confiança absoluta no amor compaixão de Jesus.

A multidão que sai da cidade é uma multidão que se fixa na dor, na perda e que olha para a morte como se fosse o fim do mundo. Mesmo nesta situação pode experimentar a surpresa transformadora da presença de Jesus.

  • A que multidão pertenço? Com que multidão me pareço?

Porque Paula experimentou o amor compaixão de Jesus, foi amor compaixão para as suas irmãs e todos os que tocavam as suas vidas.

  • Quem é que foi para mim presença deste amor compaixão de Jesus? Para quem é que já fui amor compaixão? Em que situações?
  • Como quero deixar-me tocar pelo amor compaixão de Jesus nesta Quaresma?
  • Como quero viver o amor compaixão neste tempo…

E nesta caminhada para a Páscoa, ficamos com Nossa Senhora, a Virgem da compaixão…

MÃE NOSSA, DE CORAÇÃO SIMPLES,
VIRGEM DO SENHOR.
Virgem pobre, nossa Mãe, cheia de Graça e de amor.
O Senhor te modelou, foste barro em Suas mãos
Toda inteira te entregaste ao querer do teu Senhor.

Mãe nossa, de coração bom, Virgem da ternura,
De olhar atento, sensível, próxima de cada um.
O Senhor te modelou, foste barro em Suas mãos.
Mãe de Jesus, nossa Mãe, Mãe de toda a humanidade.

Mãe nossa, de coração-dom, Virgem da compaixão,
Junto ao mais débil, mais pobre, coração a coração.
O Senhor te modelou, foste barro em Suas mãos.
Nas Suas mãos foste Serva, Serva do Reino de Amor.
(Ir. Paulo)